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Alerta verde nos EUA

 

A Envinronmental Protection Agency (EPA), principal órgão ambiental dos Estados Unidos, deverá ser completamente reformulada na gestão de Donald Trump. Reportagem de hoje da Scientific American dá conta de que a Agência deverá ser comandada por um dos mais conhecidos “céticos do clima” (que rejeitam as evidências científicas alusivas ao aquecimento global).

Myron Ebell – que já denunciou o “alarmismo” de quem adverte sobre os riscos da mudança climática – integraria a equipe nomeada por Trump para reconfigurar as atribuições e diretrizes da EPA. Entre outros episódios pitorescos, Ebell já recebeu uma moção de censura na Câmara dos Comuns da Grã Bretanha pelas críticas dirigidas ao principal conselheiro científico do Reino Unido, que sempre ratificou o fenômeno do aquecimento global.

É conhecido também por classificar de ilegal os esforços da administração Obama para reduzir as emissões de gases estufa, em uma “clara usurpação inconstitucional da autoridade do Senado”.

No ano de 2007, em entrevista à Vanity Fair, reconheceu que a temperatura média do planeta se eleva, mas, segundo ele, “tem sido muito modesto e bem dentro do intervalo de variabilidade natural, e se ele é causado por seres humanos ou não, não é nada para se preocupar.” (?!)

Em campanha, Trump classificou de “bullshit” o aquecimento global e disse que iria “cancelar” o Acordo de Paris, além de reverter as políticas implementadas na gestão de Obama sobre mudanças climáticas. Trump foi fortemente apoiado pela indústria do carvão mineral e pelos setores mais poluentes da economia americana. Justamente os grupos econômicos mais atingidos pela expansão sem precedentes dos parques eólicos e da energia solar nos últimos 8 anos.

Em tempo: uma colega que participa da cobertura da COP-22 em Marrakech (a primeira Conferência do Clima depois do Acordo de Paris) mencionou em conversa comigo por telefone o abalo sísmico sentido por todas as delegações presentes após a confirmação do resultado das eleições americanas.

Em nota, a delegação da China (maior poluidor do mundo) presente na COP-22 ratificou o apoio ao Acordo de Paris, e manifestou a expectativa de que possa manter a parceria com os Estados Unidos (segundo maior poluidor) no esforço comum de reduzir a emissão de gases estufa.

Os chineses enxergam longe.
Parece haver luz atrás da bruma.

 

André Trigueiro

 

 

 

 

 

 

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