Uma campanha polêmica

 

Recebi há pouco ligação da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto a respeito de minha crítica à campanha “gente boa também mata”, que exibe – entre outras peças publicitárias – cartazes como o que segue abaixo, o qual traz em letras garrafais a mensagem “quem resgata animais na rua pode matar”.

A informação passada dá conta de que os responsáveis reconhecem que “os cartazes não conseguiram expressar com exatidão a ideia da campanha”. E que serão substituídos a partir de quinta-feira por outras peças. Fui informado também que a ideia era “polemizar”, gerar discussão, para “num segundo momento da campanha explicar melhor do que se trata”.

Creio que para a maioria das pessoas – e eu me incluo nesse grupo – está clara a ideia principal da campanha de que basta uma ligeira distração ao volante (usando o celular) para causar a morte de alguém. E que muitas pessoas de bem (ou que se julgam de bem) podem matar se houver qualquer distração com o celular.

A questão é: essa foi a melhor solução encontrada pelos publicitários regiamente pagos pelo contribuinte? Disse para a Secretaria de Imprensa que continuo achando a campanha ruim. Faltaram talento e sensibilidade para dar o recado sem esse barulho todo. E para quem acha que toda a polêmica é bem-vinda, basta ligar agora para Brasília e checar a repercussão negativa da campanha em diferentes frentes, nas redes sociais e fora delas.

Em tempo: emito aqui apenas uma opinião, sem a pretensão de convencer quem quer que seja da minha avaliação. E, por favor, ao dirigir, deixe o celular bem longe do alcance das suas mãos.

 

André Trigueiro