Relacionados

Pavan Sukhdev e os ensinamentos de Gandhi para o mundo dos negócios

 

Por: Suzana Camargo

Fonte: Planeta Sustentável

 

A Terra provê o suficiente para safistazer a necessidade de todos os seres humanos, mas não a ganância deles”.  A frase dita por Mahatma Gandhi é a favorita do também indiano Pavan Sukhdev.

Economista, consultor das Nações Unidas, fundador da consultoria Green Initiatives for a Smart Tomorrow (GIST) e autor do livro Corporação 2020traduzido para o português pelo selo Planeta Sustentável, Sukhdev é considerado um dos mais importantes porta-vozes da atualidade sobre o tema economia verde.

Em viagem ao Brasil para uma série de conferências, o economista foi convidado pela Associação Palas Athena, em São Paulo, para falar sobre os ensinamentos de Gandhi eeconomia verde.

Para Sukhdev, o discurso de Gandhi – o pai da nação indiana –continua relevante. Além de pacifista, ele era fundamentalmente um ambientalista. Já na década de 30, no auge de seu ativismo social, tinha real noção do conceito de pegada ecológica. O termo ainda não existia, mas Gandhi pregava que os países mais pobres não poderiam seguir o exemplo de desenvolvimento das grandes nações.

Em seu livro, Corporação 2020, Pavan Sukhdev descreve como o atual modelo econômico é insustentável. “Estamos ultrapassando os limites planetários”, disse o economista durante a palestra. A Terra não suporta mais a exploração que vem sofrendo. Os recursos naturais são finitos. E Gandhi já falava sobre isso. “This little globe of ours is not a toy of yesterday” é uma de suas citações, que reflete a preocupação dele com o pouco cuidado que temos com o planeta.

Um dos principais pontos defendidos por Pavan Sukhdev é que não arcamos com os custos do que ele chama de externalidades. Ao produzir um carro, por exemplo, a indústria não paga pelos gases poluentes que o mesmo libera na atmosfera. “Estes custos existem, mas hoje são invisíveis. Só que já pagamos por eles indiretamente”, revelou Sukhdev. Um estudo internacional estimou que as 3 mil maiores corporações globais causam um prejuízo ao planeta de cerca de 2,15 trilhões de dólares por ano – 3,5% do PIB mundial. “O tamanho destas externalidades é grande demais”.

Em sua obra, o economista defende que as empresas incorporem, paguem e informem o custo das externalidades em seus negócios e que o uso de recursos naturais seja taxado. Sukhdev recomenda também que a publicidade deva ter mais responsabilidade sobre suas ações e impactos.

Estas seriam algumas das ferramentas para alavancar a economia verde. E o que exatamente é a economia verde? De acordo com definição da ONU, é um sistema econômico que melhora o bem estar das pessoas e reduz desigualdades sociais, ao mesmo tempo em que diminui significativamente riscos ambientais e perda de biodiversidade. “A economia verde gera valor para pessoas”, resume Sukhdev.

Ao pagar pelas externalidades, produtos e bens não sustentáveis ficarão muito mais caros e aqueles que impactam menos o meio ambiente se tornarão mais acessíveis. É o caso da empresa californiana Tesla, fabricante de carros elétricos, que conseguiria ser muito mais competitiva se fosse taxada de maneira diferentes das empresas produtoras de veículos movidos a combustíveis fósseis. “Atualmente os incentivos têm ido para a economia marrom”, lamenta.

Há urgência na transição do modelo econômico atual para um mais sustentável. Segundo o economista indiano, a próxima década será decisiva. E a mudança depende também de uma nova consciência individual, da distinção entre certo e errado. “Não podemos depender da política, nós temos que ser os agentes de mudança. A mãe natureza não está interessada em nossos problemas”.

natureza deve ser nossa inspiração e a quem devemos devotar nosso maior cuidado, exatamente como Mahatma Gandhi acreditava:

“I need no inspiration other than Nature’s. She has never failed me yet, she mystifies me, bewilders me, sends me into ecstasies. Besides God’s handiwork, does not man fade into insignificante?…” 

Em tradução livre, “Eu não preciso de qualquer outra inspiração senão aquela da Natureza. Ela nunca falhou comigo, ela me mistifica, ela me confunde e me deixa em êxtase. Perante a obra de Deus, o homem não se desvanece na insignificância?”.

 

 

 

Postado por Daniela Kussama

 

 

 

Mais vistos