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Orgânicos: 31 países estão em campanha por alimentos sem veneno

 

Por Inês Castilho

Fonte: Outras Palavras

 

“Mais Orgânicos: Orgânicos para Todos”, campanha lançada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) no Dia Mundial da Alimentação, quer ampliar o acesso dos brasileiros a alimentos produzidos sem agrotóxicos, transgênicos e fertilizantes artificiais. Acreditando que informação ajuda a mudar atitudes individuais e coletivas, o instituto produziu quatro vídeos falando sobre aspectos fundamentais do problema, como o protagonismo das mulheres na alimentação, e portanto a necessidade de que sejam ouvidas na elaboração de políticas públicas; e a necessidade de que governos municipais introduzam alimentos orgânicos na merenda escolar de crianças e jovens.

O Idec é uma entre 43 organizações da sociedade civil, de 31 países da África, Ásia, Europa e América Latina, integrantes da Green Action Week, campanha global que envolve organizações de consumidores de todo o mundo e sensibiliza cidadãos para o consumo sustentável, questionando a forma como as empresas produzem os alimentos e exigindo dos governantes políticas que favoreçam as populações e o planeta.

Ana Paula Bortoletto, pesquisadora em Alimentos do Idec, fala no primeiro vídeo – “Mais Orgânicos – Orgânicos para Todos” – sobre a importância de capacitar os consumidores para ter acesso a alimentos sem veneno; e a necessidade de ampliar os locais que comercializam diretamente do produtor, e informar sobre eles, como faz o mapa do Idec. “Vamos promover discussões, debates, oficinas práticas, divulgar materiais educativos e vídeos sobre alimentos orgânicos em redes sociais, espaços públicos e comunitários”, convida.

Orgânicos são alimentos que não utilizam, em seu sistema produtivo, agrotóxicos, fertilizantes, transgênicos, aragem profunda, para que solo, ar, água e biodiversidade sejam preservadas, explica Marijane Lisboa, uma das diretoras do Idec e da Associação de Agricultura Orgânica. “A agricultura familiar orgânica tem também um aspecto social. Comprar, comer e produzir alimentos orgânicos significa não só cuidar da gente nesse momento, mas garantir a segurança alimentar da humanidade”, sustenta Marijane, no vídeo “Mais Orgânicos – Informação“.

A presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Paulo, Christiane Costa, fala – no vídeo “Mais Orgânicos – Participação das mulheres” sobre a relação bastante estreita da mulher com a alimentação – que pouco mudou, a despeito das transformações nos papeis de gênero ocorridas nos últimos tempos, pois as mulheres continuam sendo responsáveis pelas compras e pelo provimento da alimentação.

“Muitas vezes trabalhando fora de casa, elas têm de resolver como comprimir o tempo, como usar menos tempo para cozinhar e prover o alimento da família. A questão é: o que deveria ser uma alternativa esporádica vem se tornando um hábito, e isso talvez esteja ajudando no crescimento da obesidade e do sobrepeso.” Christiane ressalta que a mulher ainda é pouco protagonista no que diz respeito a políticas públicas. “Ela tem de ser escutada. A mulher tem de ter poder de decisão sobre as coisas que recaem sobre ela.”

Sobre a necessidade de garantir alimentação sem veneno na rede pública de educação (São Paulo e Porto Alegre deram os primeiros passos), a campanha traz a palavra de Luiz Bambini, assessor de Políticas Públicas da Coordenadoria de Alimentação Escolar da prefeitura de São Paulo – que fornece 2 milhões de refeições diárias, gratuitamente. Bambini conta que foi por demanda social que surgiu a lei municipal nº 16 140, de março de 2015, tornando obrigatória a inclusão de produtos orgânicos ou de base agroecológica na alimentação escolar da cidade.

“Uma vez tendo a ampliação dessa oferta a partir da rede municipal de ensino, você começa a ampliar a oferta de maneira geral – nas feiras de rua, quitandas, supermercados – e assim vai democratizando esse tipo de alimento”, diz Bambini no quarto e último vídeo, “Mais Orgânicos – Políticas Públicas“. “Países como França e Dinamarca têm políticas avançadas nesse sentido”.

 

 

Postado por Daniela Kussama

 

 

 

 

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