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Preservação ambiental ganha força na programação de TV brasileira

 

RIO – Durante a Rio-92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o fato de o cantor Sting circular ao lado do cacique Raoni era motivo de piada. Ninguém entendia muito bem aquela celebridade internacional que resolveu passar um tempo numa tribo indígena no meio do mato. Pois o mundo dá voltas, ficou mais aquecido e estragado e, 15 anos depois, ser ecologicamente correto virou moda. Mas, quem leva a coisa a sério, sabe que não basta ligar o nome e o rosto famosos à causa da preservação ambiental.

Os caminhos de quem está preocupado de verdade com os problemas ecológicos acabam se cruzando. Juca de Oliveira e Christiane Torloni, que têm como interesse comum a preservação da Amazônia, uniram-se depois de ver de perto a devastação da floresta pelas queimadas durante as gravações da minissérie “Amazônia – De Galvez a Chico Mendes”, no Acre. Eles estão entre os criadores do manifesto Amazônia para Sempre, que será entregue ao presidente Lula quando chegar a 1 milhão de assinaturas.

Quando quis aprender mais sobre sustentabilidade, Marcos Palmeira – que tem uma fazenda onde cultiva produtos orgânicos e lançou um filme sobre os índios xavantes – leu o livro “O mundo sustentável”, de André Trigueiro, jornalista especializado em meio ambiente e criador do programa “Cidades & soluções”, da Globo News (leia entrevista na página 15)

Dia desses, Christiane Torloni encontrou Paula Saldanha, precursora dos programas ecológicos na TV e, indignadas, ambas comentaram que era um absurdo não haver legislação capaz de punir crimes ambientais registrados pelas imagens de satélites. E, no dia em que decidiu fazer um programa sobre árvores, Regina Casé foi bater à porta do Futura, canal com tradição em atrações sobre meio ambiente e produtor do “Globo ecologia”, dirigido há 20 anos por Cláudio Savaget, ambientalista apaixonado, capaz de interromper uma entrevista para exclamar: “Caraca, que beija-flor lindo!”.

– A biodiversidade, diferentemente da TV, não tem reprise – diz Lúcia Araújo, diretora do Futura, justificando a aposta do canal no tema.

Já Letícia Spiller não podia ser mais diferente da perua Maria Eva, que ela interpreta em “Duas caras” e que só pensa em ser uma socialite. A atriz já esteve no Acre quatro vezes em projetos de conscientização das populações ribeirinhas. Isabel Fillardis, a Fátima de “Sete pecados”, também participa ativamente. Há quatro anos, criou a ONG Doe Seu Lixo que, além da reciclagem, capacita agentes ambientais.

– Somos quase 600 pessoas trabalhando nela. O Brasil é privilegiado com uma fauna e uma flora especiais. Não podemos ficar de fora – diz a atriz. – O homem acha que é maior do que a natureza, e agora ela vem mostrar que não é bem assim.

A Revista da TV ouviu gente famosa que vem botando a mão da massa, pois sabe que se fosse só para posar de camiseta verde seria fácil. Nestas páginas e nas próximas, eles falam de suas crenças e ações.

 

(Fonte: Revista da TV  – O Globo)

 


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