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Meninas e meninos do tempo não falam das mudanças climáticas

 

Soa estranha a naturalidade com que meninos e meninas do tempo (apelido dado aos colegas que reportam os assuntos da meteorologia nas TVs) tem mostrado a ocorrência de “microexplosões”, “tornados”, “tempestades”, “ventanias”, e outras designações do jargão climático que explicariam os desastres registrados nos últimos dias nos estados da Região Sul e em São Paulo (especialmente Campinas).

A julgar pelos boletins veiculados por diferentes mídias, parecem fenômenos absolutamente rotineiros, previsíveis, dentro das expectativas. Alguns colegas parecem até se esforçar para normatizar o fenômeno, apaziguar os assustados, tranquilizar os aflitos, com o precioso auxílio das ilustrações gráficas.

Até onde me foi possível perceber – e com base em algumas fontes – a virulência desses eventos (fora da série histórica) e a época do ano em que eles ocorrem sugere uma abordagem diferente. Esses fenômenos poderiam ser chamados de “eventos extremos” e não é desprezível a chance de estarem relacionados às mudanças climáticas.

É preciso mais tempo (e pesquisas) para estabelecer uma possível relação de causa e efeito. Mas reportar a hipótese de ser um “evento extremo” relacionado à mudança do clima (agravada pelo aquecimento global) é informação relevante.

Acrescentar esta informação ao boletim do tempo é algo importante, que precisa ser melhor discutido nas redações. Do jeito que vai, parece que as mudanças no padrão climático não estariam associadas a algo maior, mais preocupante e abrangente.

A Organização Meteorológica Mundial defende a aproximação da ciência do clima com a meteorologia. Isso alcança o trabalho dos meninos e meninas do tempo.

 

André Trigueiro

 

 

 

 

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