Relacionados

Luto olímpico? Depressão pós-Jogos?

 

Foram anos de espera e muitos sacrifícios, bilhões de reais em investimentos, muitas expectativas (boas e más) sobre o desempenho do Brasil como anfitrião dos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, e depois de duas semanas de uma eletrizante cobertura (impossível acompanhar tudo o que aconteceu) o inevitável fim.

Não é fácil retomar a rotina. A gente percebe que Olimpíada vicia quando começa a torcer por um atleta qualquer numa prova de halterofilismo, se detém por longos minutos acompanhando a concentração dos arqueiros antes de lançar as flechas, acompanha magnetizado o piso azulado – modo videogame – no hóquei, entre outros novos hábitos. Para quem acompanhou a maratona de competições nas arenas ou pela TV fica o gostinho de “quero mais”.

Não foi perfeito, mas foi mágico. Não se reúne impunemente os melhores atletas do mundo em uma cidade com vocação para grandes festas. Deu samba! A história dirá qual foi o diferencial do Rio de Janeiro entre todas as edições dos Jogos. Certamente consagrarão a cidade como o palco mais bonito de todas as Olimpíadas. E que na terra dos malandros, nadadores americanos que tentaram bancar os espertos e se deram mal.

Houve incidentes lamentáveis e trapalhadas logísticas. Decepções e frustrações. Não saberia dizer aqui se em proporções maiores ou menores que em outras olimpíadas. A cerimônia de abertura marcou o ponto de virada no humor da mídia estrangeira em relação ao evento. Por aqui, demos igualmente uma trégua nas inúmeras e justas cobranças que, diga-se de passagem, não cessam com o fim dos Jogos.

O fato é que quem não veio por causa da Zika, perdeu.
Quem cancelou reservas ao saber que o Governo Estadual decretou “estado de calamidade pública” deve estar arrependido. Também não houve atentados terroristas.
As casas da França, do Quatar, da Dinamarca, entre outras, ofereceram ótimos programas na cidade. E o tempo ajudou. O inverno – com temperaturas mais amenas e visibilidade espetacular – deixa o Rio ainda mais deslumbrante.

Vieram o inédito ouro no futebol masculino e os exemplos comoventes de superação de Rafaela Silva (judô), Thiago Braz (salto com vara), Robson Conceição (box) e Isaquias Queiroz (primeiro atleta brasileiro a ganhar 3 medalhas numa única edição dos Jogos).

A festa acabou. O Rio retoma a rotina.
E busca agora medalhas de ouro inéditas em educação, saúde, segurança, transporte…
Muito por fazer, especialmente na área ambiental (saneamento básico já!!!). Mas dentre todos os legados (arenas esportivas, Linha 4 do metrô, Leve sobre Trilho, Boulevard Olímpico) um dos mais importantes são as lembranças do que houve por aqui.
No final das contas, valeu a pena.

 

André Trigueiro

 

 

 

 

 

 

Mais vistos