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Quem são os negociadores do clima?

 

Os negociadores do clima reunidos em Paris no maior encontro da ONU já realizado fora de Nova Iorque (195 países) são os mesmos que negociam acordos comerciais e outras disputas diplomáticas mundo afora. “Engana-se quem acha que a missão deles é salvar o mundo. Eles estão ali para defender os interesses de seus países”, disse-me certa vez o ex-Ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, o mais qualificado diplomata do Itamaraty na área ambiental, e que foi dispensado pela Presidente Dilma logo após a reeleição (sem maiores explicações, diga-se de passagem) depois de permanecer menos de dois anos no cargo.

A retórica “ecologicamente correta” dos Chefes de Estado sugere um comprometimento que seus prepostos não executam à risca nas múltiplas rodadas de negociações dessas Conferências. A distância que separa o que os cientistas defendem do que os tomadores de decisão fazem é gigantesca. O ambiente no Centro de Convenções é de desconfiança mútua. Há ainda o medo de que o eleitorado de cada país não entenda o preço que deverá ser pago para conter o avanço do aquecimento global.

Como os políticos costumam planejar suas ações em função do tempo do mandato (a prioridade é investir no que dê resultado político ainda no exercício do poder), empurra-se para frente – bem pra frente – as ações de mitigação (redução das emissões de gases estufa) – e de adaptação (medidas que reduzam os estragos acusados pelos eventos extremos, elevação do nível do mar, e outras consequências do aquecimento global).

Apesar de tudo, há avanços. As evidências científicas de que o custo da ação (fazer agora o que é preciso) é menor do que o custo da inação (adiar indefinidamente as providências cabíveis) geram pressão da sociedade civil e desconforto a alguns dirigentes políticos. Mais do que nunca, “todos somos Paris”.

André Trigueiro

 

 

 

 

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