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O lado sombrio do novo Ministro da Agricultura

 

O novo Ministro da Agricultura assinou a sentença de morte do licenciamento ambiental no Brasil. Ainda assim (ou por causa disso) Blairo Maggi teve o nome confirmado para o cargo pelo presidente Michel Temer. O senador do PP/MT aprovou na Comissão de Constituição e Justiça, como relator, a polêmica (melhor seria chamá-la de infame) PEC 65/2012, que suspende as avaliações técnicas previstas no licenciamento ambiental desde a Constituição de 88.

É bom saber quem é o novo Ministro da Agricultura. Abaixo, selecionei algumas entrevistas de Blairo Maggi, dadas em diferentes momentos para diferentes veículos de comunicação, e também trechos de reportagens sobre ele, que ajudam a entender a controversa figura deste dublê de empresário e político, um dos homens mais ricos do Brasil e um dos maiores plantadores de soja do planeta.

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1) Sobre a ideia de que o Mato Grosso, segundo Maggi, não deveria ser considerado um dos 9 estados amazônicos, sujeito às mesmas regras de proteção e conservação.

“As pessoas que vivem aqui têm uma cultura quase que genética. São descendentes de alemães, italianos, que têm a agricultura no sangue. Todos que vivem nesta região têm esse desejo, essa ansiedade, de produzir e fazer um futuro melhor, e aí essa carga de informação com a qual ele foi educado está fazendo esse contraponto hoje com a questão ambiental. É dentro dessa perspectiva que Mato Grosso tem que ter um tratamento diferenciado.”
(Folha de SP, 26/05/2008)

 

2) A “guerra”contra os ambientalistas, segundo Maggi

“A gente via a questão ambiental como grande opositora do processo produtivo. Era uma guerra. Eu me posicionei ao lado dos produtores, claro, e começamos um embate ambiental forte. Venci as eleições.(…) E eu, com algumas frases mal colocadas, com a forma como me dirigi à imprensa, especialmente a internacional, virei um diabo verde. Era o grande inimigo número 1 da floresta. Isto na avaliação deles. Na realidade, desde o dia em que cheguei comecei a botar ordem nesta questão. De sair do enfrentamento e procurar o caminho do entendimento.”
(Valor Econômico, 14/04/2009)

 

3) A bronca que Blairo Maggi ouviu do cacique Kuyussi, durante encontro com lideranças de 15 etnias indígenas do Parque Nacional do Xingu

“Eu não estou gostando da sua proposta em relação à comunidade indígena. Você não gosta dos índios e os próprios brancos já disseram isso pra gente. Não quero mais uma promessa e não aceito você querer acabar com tudo. Logo no seu início de governo, a gente está observando coisa ruim, que não podia estar acontecendo” (cacique Kuyussi, da aldeia Suya, reclamando do governador Blairo Maggi em sua própria língua – traduzida por um índio mais jovem – durante o encontro).
(Gazeta Digital, 25/10/2003)

 

4) Secretário de Meio Ambiente de Maggi foi preso e denunciado por integrar quadrilha ambiental

Maggi nomeou como seu primeiro secretário de Estado de Meio Ambiente, o deputado Moacir Pires, membro da bancada ruralista da Assembléia Legislativa, que foi preso durante a Operação Curupira em junho de 2005. Pires foi denunciado pelo MPF como “membro de uma quadrilha ambiental que atuava dentro da Secretaria do Meio Ambiente”.
(Estado de SP, 31/3/2010)

 

5) O polêmico licenciamento de hidrelétricas no Mato Grosso pelo então Governador Maggi

A administração Maggi também foi marcada pela propagação de usinas hidrelétricas ao longo dos principais rios formadores da bacia amazônica. Além de empreendimentos do porte da usina de Dardanelos, que afetou o regime de águas nas quedas Andorinhas e Dardanelos, assistiu-se no estado a uma profusão de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Com a intenção de dispensar a necessidade de estudos ambientais aprofundados, essas usinas de até 30 MW de potência vêm sendo aprovadas pelo governo estadual, cujos empreendedores são empresas como a própria Maggi Energia S/A.
(O Eco, 31/3/2010)
6) A crítica aberta do Ministério Público contra o Projeto de lei 233/2015, de autoria do senador Blairo Maggi, que regulamenta o inquérito civil.

“Esse projeto de lei é um retrocesso. De forma disfarçada, estão pretendendo dificultar o pleno exercício da cidadania, da democracia e do efetivo combate à corrupção. A proposta não foi amplamente debatida com a sociedade civil organizada e, apesar de influenciar diretamente na atuação do Ministério Público, o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG) não foi convidado pelo Parlamento a participar das discussões. As sugestões apresentadas pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) também não foram acatadas”, disse o procurador-geral de Justiça em Mato Grosso, Paulo Prado.
(MidiaNews, 10/4/2016)

 

André Trigueiro

 

 

 

 

 

 

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