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COP21, terrorismo e lama

 

A exatamente uma semana do início da COP-21, vale a pena reparar nas relações existentes entre o aquecimento global, o terrorismo e o lamaçal da Samarco.
O início da guerra civil na Síria – onde um dos grupos radicais que se opõem ao regime de Bashar al-Assad é justamente o Estado Islâmico – foi fortemente influenciado por uma grave estiagem que destruiu as culturas de subsistência no interior do país. Migrações em massa do campo para as cidades agravaram as tensões políticas e o descontentamento com o governo central.

Sabe-se também que a principal fonte de renda do EI é o petróleo, combustível fóssil que agrava o efeito estufa. Estima-se – os valores variam de acordo com a fonte – que o grupo terrorista fature aproximadamente U$500 milhões por ano com a venda de petróleo. Ou seja, se o mundo decidir em Paris promover a “economia de baixo carbono”, esta será uma má notícia para os terroristas.

Sobre a tsunami de lama que varreu a bacia do rio Doce, é bom lembrar que um dos saldos dessa tragédia é a destruição das matas ciliares e florestas em proporções gigantescas. A violenta supressão de área verde também agrava o efeito estufa, com a transferência de gás carbônico da estrutura das plantas p/atmosfera. Há ainda o agravante do tamponamento do solo pela lama, exaurindo os nutrientes da terra. Tudo indica que a fertilidade do solo nessa região está comprometida, impossibilitando a revegetação imediata. O plantio de mudas deverá ser precedido de investimentos vultosos na limpeza e descontaminação da terra, do contrário, outro legado negativo da mineradora Samarco será a desertificação onde antes havia áreas verdes e biodiversidade.

A COP-21 começa na segunda que vem, 30 de novembro. Difícil imaginar qual assunto esteja completamente ausente das negociações do clima.

 

André Trigueiro

 

 

 

 

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