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China: o brilho do sol, energia inteligente | Jornal da Globo

 

Fonte: Jornal da Globo – Coluna Sustentável

 

Preocupados com fontes de energia capazes de ajudar a combater a pesada poluição, os chineses deram grande impulso a uma tecnologia de ponta: a solar.

Na terceira reportagem especial da série sobre a guerra contra a poluição na China, uma parceria do Jornal da Globo com o Globo Natureza, o repórter André Trigueiro foi ver algumas das novas tecnologias. Entre elas, a primeira usina de carvão sustentável do país.

Quem disse que a China não disputou a Copa do Mundo no Brasil?  Se a seleção deles não entrou em campo, a tecnologia dos chineses marcou um gol de placa solar nos estádios brasileiros.

Mais precisamente 3.650 placas solares foram instaladas na Arena Pernambuco e outras 1.556 no Maracanã. Tudo para deixar de emitir, em um ano, 1.150 toneladas de gases poluentes, o equivalente a 49 mil árvores plantadas.

Foi o cartão de visita dos chineses em um país onde o potencial de crescimento desse mercado é imenso.

 

PLACAS SOLARES EM TODO LUGAR

A equipe de reportagem viajou até Baoding, a 158 km de Pequim, para conhecer a fábrica dessas placas fotovoltaicas, a maior do mundo, onde até as fachadas dos prédios são cobertas com placas solares.

Um complexo tecnológico e industrial com cinco fábricas, 29 mil funcionários e lucro de US$ 2,2 bilhões apenas no ano passado.

Em 2013, todas as 14 milhões de placas solares vendidas na China geraram 4,2 gigawatts de energia, o suficiente pra abastecer uma cidade com 7 milhões de habitantes.

Para os chineses, o sol não é a energia do futuro. É um negócio que já dá lucro no presente. A fábrica de Baoding acompanhou a evolução de um mercado que cresceu mais de 100 vezes na ultima década.

40% de todas as placas fotovoltaicas produzidas em Boading são vendidas na própria China.

O mercado internacional não fica atrás. As placas chinesas são exportadas para 40 países e os equipamentos são bem mais baratos que as da concorrência. Segundo o diretor da fábrica, só nos últimos três anos os preços caíram mais de 50%.

Não à toa a China bateu o recorde mundial de instalação de placas solares no ano passado: 12 gigawatts de capacidade instalada, mais do que a soma de todas as placas dos Estados Unidos.

 

FEIRA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

O sol também brilhou na maior feira de energias renováveis da Ásia. A maior parte dos 20 mil metros quadrados da exposição foi ocupada por tecnologias solares. Da nova geração de placas flexíveis até uma coleção de eletrodomésticos movidos a luz solar, tem de tudo.

Na feira, encontramos uma nova tecnologia que procura otimizar o uso daquilo que é abundante no Brasil: o sol.

Que tal se proteger produzindo energia? São as janelas solares.

Presidente da feira e diretor-geral do departamento de cooperação internacional, Mister Wu nos conta que, além de trazer as novidades do setor, o papel deste tipo de evento é muito importante para desenvolver as energias renováveis e limpas na China.

A obsessão por transformar luz do sol em energia atraiu a maioria dos 350 expositores.

Um número ainda maior de pessoas foram interessadas na tecnologia. Os alemães abriram o jogo e foram xeretar os concorrentes. “Estamos procurando na feira tudo que seja importante para as usinas na Alemanha ou Europa”, conta o gerente comercial André Monicke.

Do lado de fora da feira, enquanto o forno solar fazia o maior sucesso na hora do almoço, encontramos um brasileiro. Felipe mora na China e foi conferir as oportunidades de negócios para o Brasil.

 

CARVÃO MINERAL

Apesar do crescimento das fontes limpas e renováveis na China, elas ainda respondem por apenas 9% da energia produzida no país.

A fonte de energia mais barata e farta da China é também a mais poluente. O carvão mineral responde por 80% de toda a matriz energética chinesa. Para virar energia, tem que queimar.

Em tempos de guerra contra a poluição, o governo chinês estimula a construção de termelétricas de ultima geração como uma que fica localizada em Xangai. A mais moderna do mundo, segundo os chineses.

A usina produz energia suficiente para abastecer um milhão de pessoas. Mas o que a torna tão importante, além de ser a primeira deste tipo na China, são as 25 novas patentes industriais desenvolvidas com o único objetivo de aumentar a eficiência reduzindo a poluição.

 

TERMELÉTRICAS DE ÚLTIMA GERAÇÃO

Na comparação com uma usina convencional, a termelétrica de Xangai queima menos carvão, emite menos poeira e dióxido sulfúrico entre outros gases poluentes.

Embora seja uma estatal, a usina de Xangai tem autonomia de produção e comercialização. E, a cada recorde de desempenho, o governo central aumenta o repasse de recursos públicos para a empresa.

No centro nervoso da termelétrica, todas as operações são acompanhadas online por telas de computador. A partir de um monitor, é possível acompanhar ao vivo a imagem do carvão que entra no forno e vira energia. Por ano, são queimadas 4,5 milhões de toneladas de carvão mineral.

Como não vai ser possível abrir mão do carvão tão cedo, os chineses investiram o equivalente a mais de mais de R$ 3,17 bilhões na usina para que ela seja referência.

Mister Fong, diretor geral e o responsável pelo projeto, diz que a China tem as tecnologias mais modernas para produzir as máquinas e gerar eletricidade e que a usina tem condição de contribuir para a proteção ambiental.

O país que elegeu como meta reduzir 40% das emissões de poluentes até 2020. Tem um imenso desafio pela frente. Só será possível com toda essa tecnologia de ponta. Isso e muito mais.

 

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Reportagem: André Trigueiro / Imagens: Franklin Feitosa

Produção: Clarissa Cavalcanti / Arte: Reinaldo Sasai e Mário Dal’mas Sanabria

Edição e finalização: Rômulo Nunes / Direção e edição: Silvana Requena

Agradecimentos: CCIBC (Câmara de Comércio e Indústria Brasil – China)

 

 

 

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