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Renováveis já são a metade da nova capacidade de geração

 

Por Regina Scharf, mora em Portland, Oregon, considerada uma das cidades mais sustentáveis dos Estados Unidos. Sua cobertura de temas ambientais, iniciada em meados dos anos 80, rendeu prêmios como o Reuters-IUCN (América Latina) e o Ethos. Regina também escreve para os blogs Deep Brazil e Minha impressora 3D

Fonte: Página 22

 

Na semana que vem, estreia na TV americana a série “Years of Living Dangerously” (Anos em que viveremos em perigo), documentário sobre mudanças climáticas de James Cameron, diretor do filme Titanic. Como tudo o que Cameron faz, é uma produção hiperbólica,  com estrelas de Hollywood viajando pelo mundo tentando entender o que a Humanidade está fazendo com o planeta. Harrison Ford, Jessica Alba, Arnold Schwarzenegger e Ian Somerhalder, o galã da série “Diários do Vampiro”, juntam-se às vozes do jornalista Thomas Friedman e do cientista M. Sanjayan para contar histórias de indivíduos que já estão sendo afetados pelas mudanças do clima. Veja a impressionante íntegra do primeiro episódio (em inglês).

O documentário só vem ressaltar a sensação de urgência dramática criada pelo último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, divulgado a pouco mais de uma semana. Já não há como fugir, teremos de investir (pesadíssimo) para nos adaptar.

Mas nem só de más notícias vive o noticiário climático. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o braço da agência de notícias Bloomberg que acompanha as novas energias, divulgaram ontem um relatório razoavelmente positivo sobre o avanço das renováveis, com destaque para a eólica e a solar, mas excluindo as grandes hidrelétricas, responsáveis pela parte do leão da geração de energia no Brasil. Segundo o Pnuma, graças ao barateamento dos painéis fotovoltaicos, as chamadas novas renováveis já representam 8,5% da matriz elétrica global. Elas representaram 43.6% de toda a capacidade de geração adquirida no ano passado e evitaram a emissão 1,2 gigatons de gás carbônico na atmosfera. O relatório “Global Trends in Renewable Energy Investment 2014” (Tendências Globais em Investimentos em Energias Renováveis 2014) aponta, porém, que os investimentos nas chamadas novas renováveis tiveram uma queda de US$ 35,1 bilhões, 14% a menos que no ano anterior e 23% menos do que no ano recorde de 2011. Isso porque hoje é possível adquirir uma maior capacidade com um gasto menor e também porque parte dos investimentos foram redirecionados para a extração de gás de xisto nos Estados Unidos. No ano passado, os EUA investiram US$ 33,9 bilhões em energias renováveis, 10% menos que em 2012.

Apesar desse declínio no principal mercado de energias renováveis, o relatório é cheio de boas notícias (veja aqui um bom resumo). A principal é que a construção de turbinas eólicas em terra e os projetos fotovoltaicos estão ganhando tanta competitividade que já dispensam subsidios em vários países. A capacidade de geração solar instalada global aumentou 26% entre 2012 e 2013, passando de 31 para 39 gigawatts. A geração eólica também está crescendo rapidamente. Segundo a Associação Americana de Energia Eólica, os EUA já têm uma capacidade instalada de 61 mil megawatts, em 39 estados. Outros 12 mil megawatts estão em construção e mais 5.200 MW estão sob contrato. No ano passado, essas turbinas evitaram a emissão de 95,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões de quase 17 milhões de carros.

 

 

 

 

Postado por Daniela Kussama

 

 

 

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