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Cuidado: o próximo post pode ser o último!

Escrever é uma arte. Uma palavrinha fora de lugar é o suficiente para estremecer uma amizade, azedar uma relação amorosa, interromper uma parceria profissional. Recomenda-se prudência na tentativa se ser irônico sem o talento de um Veríssimo. De inventar caprichosamente novas palavras sem a genialidade de um Rosa. A história já registrou sentenças de morte revistas pelo emprego equivocado de uma vírgula. Melhor ficar ligado!
Na era das redes sociais, textos curtos trazem armadilhas ainda mais perigosas. Aviso aos incautos: jamais enviem qualquer mensagem sem ler e reler o que escreveram. “Não se escreve com o fígado”, dizem os mais experientes, escaldados por flagelos inomináveis causados por textos irados, raivosos, ensandecidos. O que se escreve fica eternizado, e mesmo nas redes sociais, basta um “print” do outro lado da nuvem para que um momento de invigilância lhe cause eterno desgosto.
Redes de WhatsApp revelam o que há de mais desastroso (e curiosamente engraçado) numa comunidade de mamíferos de sangue quente com intelecto superior. A velha máxima do botequim deveria inspirar as regras de uso de qualquer dessas redes: “É proibido falar de política, religião, futebol e mulher”. O ditado é machista, mas evita encrencas.
São vários os estilos que remetem ao desastre. Tente descobrir qual o seu:
– curto e grosso: esse vai pra cova rápido. Sem dó nem piedade.
– sincericida: quem confia demais, é sábio de menos. Cautela e canja de galinha…
– afobado: escrever sem ler costuma dar muito errado.
– prolixo: quem fala demais é lido de menos. Melhor nem começar.
– engraçadinho: economize nas piadas para não virar motivo de piada.
– médium: banca o espertinho tentando adivinhar o que acontece do outro lado.
– desocupado: esse tecla o dia inteiro como se não fizesse mais nada na vida.
– fantasminha: nunca aparece. Fica na moita. O pior é que ninguém repara.
– terrorista: compartilha fotos e vídeos nojentos e escatológicos.É um caso psiquiátrico.
– Louva-Deus: parece ter como meta catequizar todos da rede.
– Fake News: não acerta uma! Só manda notícia falsa.
Brincadeiras à parte, previna-se das armadilhas da rede. Antes do próximo post, lembre-se da plaquinha do ônibus: “Fale ao motorista somente o indispensável”.
O resto é vida de verdade, no mundo real, das trocas presenciais sem pressa ou medo de ser feliz.
André Trigueiro

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