É hora de agir para acabar com a farra do plástico descartável

Quando o assunto é lixo, há mudanças positivas ocorrendo no Brasil e no mundo

Há mudanças positivas ocorrendo no Brasil e no mundo quando o assunto é lixo, especialmente os plásticos descartáveis.

O ano de 2018 começou com a decisão da China de não mais receber resíduos de vários países ricos. O que vinha sendo um negócio lucrativo desde a década de 1980 virou um problema, já que a classe média chinesa passou a consumir mais e gerar mais resíduos. Moral da história: entupida de lixo, a China interrompeu o fluxo de materiais, que agora precisam ter solução nos países de origem. Ponto para o bom senso.

Outra notícia surpreendente foi a decisão da Coca-Cola de anunciar no Fórum Econômico Mundial, em Davos, a intenção de reciclar até 2030 uma quantidade de embalagens equivalente a tudo o que for produzido pela empresa no mundo inteiro.

Por convicção ou conveniência, a marca percebeu que precisava dar uma resposta à avalanche de plástico que vai parar no lugar errado, especialmente nos oceanos.

Também neste ano, a Volvo Ocean Race, a prestigiada regata oceânica conhecida como a “Fórmula 1 dos mares”, aderiu à campanha “Mares Limpos: o mar não está para plástico”, promovida pelas Nações Unidas.

A própria ONU participa da regata, coletando lixo plástico marinho ao longo das 45 mil milhas náuticas do circuito. Foi encontrado plásticoaté no “Ponto Nemo”, no oceano Pacífico, o lugar mais distante de qualquer continente ou ilha do planeta.

No início deste mês foi realizado em Brasília o 1º Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, que promoveu uma intensa troca de experiências bem-sucedidas de redução drástica de resíduos em algumas cidades do mundo.

Florianópolis aproveitou o encontro para se tornar a primeira cidade do Brasil a ter oficialmente um Programa Lixo Zero.

De acordo com o Decreto Nº 18.646, a capital catarinense elegeu como meta reduzir em 60% o envio de resíduos secos (materiais recicláveis) e em 90% de resíduos orgânicos para aterros sanitários até 2030.

Neste momento, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina discute um projeto que propõe a substituição dos canudos plásticos descartáveis por outros que sejam biodegradáveis em todo o Estado. Um projeto similar está sendo discutido pelos vereadores de São Paulo.

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro saiu na frente e aprovou na semana passada, em dois turnos, o banimento dos canudos plásticos descartáveis, que deverão ser substituídos por canudos de papel biodegradável e/ou reciclável.

Por falta de espaço, fico com esses exemplos importantes na contramão do culto ao plástico descartável.
A farra da plasticomania é crime de lesa-planeta. Basta de irresponsabilidade. É hora de agir.

Fonte: Folha de S. Paulo