André Trigueiro fala de sua rotina sustentável e da estreia de nova coluna no ‘Jornal da Globo’

 

Por Thaís Britto

Fonte: O Globo – Revista da TV

 

RIO – Na casa de André Trigueiro, o lixo reciclável é separado em recipientes diferentes. Todos os móveis são de madeira de demolição e, embaixo da mesa da cozinha, fica a “minhocasa”, uma espécie de artefato desenvolvido por uma empresa onde pequenas minhocas transformam o lixo orgânico em adubo. “Sempre tenho cuidado ao responder essa pergunta para não passar uma imagem de santinho”, diz o jornalista ao dizer o que faz pela sustentabilidade em sua vida pessoal. Não é questão de santidade. Trata-se, segundo ele, da impossibilidade de ficar indiferente ao assunto no qual decidiu se especializar há pelo menos 20 anos. Nesta quinta-feira, André estreia a coluna “Sustentável”, no “Jornal da Globo”, no ar a partir de 0h10m. A cada duas semanas, ele vai mostrar bons exemplos de soluções preocupadas com o meio ambiente para problemas crônicos por todo o país.

– Optamos por fazer reportagens. Incursões profundas mesmo em cada assunto. Com investimento na estética da imagem e edição primorosa. Neste primeiro, vamos fazer um panorama da energia eólica no Brasil. Fui ao Rio Grande do Norte, onde os investimentos no setor estão muito acelerados. Há dois anos, o estado comprava energia porque não tinha suficiente para se manter. Hoje não apenas é autossuficiente mas, daqui a dois anos, vai começar a vender para outros lugares. Tudo isso por causa do vento – explica o jornalista.

Os dois próximos episódios também já estão prontos. Num deles, André foi conhecer uma tribo de índios Suruí em Rondônia, onde cinco engenheiros de software da Califórnia estiveram para ensinar os índios a usar smartphones e, com isso, protegerem sua reserva. Na terceira coluna, ele mostra opções de descarte sustentável para o lixo orgânico.

O jornalista também está preparando uma série de matérias para o “Jornal Nacional” sobre temas que serão discutidos na Rio+20 e estreou, na última terça-feira, o blog “Mundo sustentável”, no G1. O assunto está na moda, ele concorda. Mas com a experiência de quem já se dedica a ele há muito tempo, ele gostaria de vê-lo nas manchetes durante o ano inteiro.

– A Rio+20 vai acabar, os chefes de estado voltam para casa e nós começamos a cobrir eleições, obras da Copa do Mundo, CPI do Cachoeira… A rotina volta ao normal. A hora da verdade para monitorar a importância e o prestígio da sustentabilidade vai ser essa. Espero muito ver esse salto. Estou há 20 anos tentando abrir esses espaços.

Enquanto isso, ele segue abrindo espaços menores também. Afirma não se deslumbrar com o oba-oba do consumo, tenta consertar acessórios em vez de trocá-los por novos e tem um combinado com a empregada: só comprar ovos em embalagens de plástico ou papelão.

– Um dia, só tinha ovo em embalagem de isopor e ela trouxe. Disse: “Nadia, me desculpe, mas leva de volta e pede para trocar”. O papelão e o plástico dá para reciclar, mas o isopor é muito mais difícil. Parece uma coisa neurótica ou ecochata, mas a questão é que já vi muito isopor no lugar errado por aí – diz o jornalista, fazendo mea culpaquando o assunto é transporte: – Ainda não consegui me livrar do carro. Mas um dia eu chego lá. Sou um motorista culpado.