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Por que essa foto mexe com tanta gente?

 

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Foto: Pete Souza | White House

 

Alguém poderá dizer que a foto é uma montagem, um golpe de marketing ou um episódio fortuito que não corresponde à rotina do homem mais poderoso do mundo. De minha parte não acredito em nada disso. Mas não importa.

Por que decidi reproduzir aqui esta imagem de Barack Obama cumprimentando um faxineiro? Por que canso de ver no dia-a-dia a monumental quantidade de seres “invisíveis” que passam despercebidos pela multidão em seus respectivos ambientes: lixeiros, faxineiros, porteiros, garagistas, ascensoristas, seguranças, entre outras categorias profissionais, padecem do estigma de serem “invisíveis”, ou seja, aos olhos de muita gente são tão desimportantes ou insignificantes que não merecem sequer ser percebidos. Muito menos receber um cumprimento.

Dizem que a indiferença é pior que o ódio. Por que quem odeia ao menos reconhece a existência do outro. A indiferença nem isso. O outro em questão simplesmente não existe, não justifica sequer um desvio de olhar, um muxoxo, uma minúscula contração muscular ou qualquer outro sinal de reconhecimento.

É triste testemunhar isso. De minha parte, não perco tempo tentando entender tamanha demonstração de desumanidade. Me policio para jamais cometer, ainda que por descuido ou acidente, o mesmo erro. Aprendi desde cedo, em família, a reconhecer no outro o direito ao mesmo respeito que reivindico para mim. Cumprimento sim, prazerosamente, e às vezes me compadeço com a surpresa de quem se descobre percebido. Essa reação, quando acontece, é comovente.

Não se trata apenas de respeito ou consideração. Ninguém é superior a ninguém. Os diferentes níveis de renda, escolaridade ou formação profissional não justificam essa invisibilidade. Importa que pais ou responsáveis eduquem seus filhos ou tutelados com a pedagogia do exemplo.

Bom dia Seu Pedro. Boa tarde Dona Maria. Boa noite seu Zé.
Daí podem surgir amizades incríveis. Relações duradouras. Aprendizados constantes.
Ou um simples contato, como o de Obama com o faxineiro.
Faz a diferença.

 

André Trigueiro

 

 

 

 

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