Relacionados

Petróleo no poder

 

Trump deu um recado claro ao anunciar os principais nomes de sua equipe de governo: está comprometidíssimo em prestigiar os combustíveis fósseis, boicotar o Acordo do Clima e desmontar o conjunto de regras e regulações estabelecido por Obama nos últimos 8 anos para estimular as fontes limpas e renováveis de energia.

O Secretário de Estado, Rex Tillerson, deixa o comando da petroleira ExxonMobil (responsável pelo maior desastre ecológico no Alasca) para liderar a política externa americana e cuidar, entre outros assuntos, do Acordo do Clima.

O Secretário de Energia, Rick Perry, irá assumir uma pasta cuja existência vinha questionando reiteradas vezes (como se “energia”não fosse um dos temas prioritários da agenda geopolítica do século XXI). Lobista do petróleo, é um negacionista do clima.

A nomeação de Scott Pruitt como o novo chefe da Agência de Proteção Ambiental (EPA) foi a mais polêmica. Trump convidou para ser o xerife do meio ambiente outro lobista do petróleo que terá a missão de esvaziar a Agência. Pruitt recebeu carta branca para demolir o conjunto de normas que sempre incomodaram os maiores poluidores do país.

Com esta equipe, Donald Trump será responsável pelo descolamento dos Estados Unidos dos esforços internacionais para reduzir as emissões de gases estufa. O país deixará de investir com a mesma intensidade em inovação tecnológica e eficiência energética (com fontes limpas e renováveis de energia), perderá competitividade e a liderança internacional na luta contra o aquecimento global.

Faço aqui duas modestas previsões: sob a liderança da China e da Alemanha, os outros 196 países que assinaram o Acordo do Clima (especialmente os maiores poluidores) não repetirão o descaso de Trump com a maior crise ambiental do século XXI. Ele ficará isolado, com o mesmo repertório de arroubos ufanistas e negacionistas.

A segunda previsão não é minha, mas do professor de história americano Allan Lichtman, que há 30 anos vem acertando antecipadamente quem será o novo presidente dos Estados Unidos. Ele foi o primeiro a cravar a vitória de Trump ainda em setembro.

Segundo o professor Lichtman, Trump será alvo de um processo de impeachment e deixará a Casa Branca antes do final do mandato. Em entrevista recente, ele explicou assim a previsão: “Trump é uma pessoa incontrolável, uma bala perdida. Isso não agrada os republicanos do Congresso. Estão nervosos, ninguém sabe realmente o tipo de políticas que Trump apoia. Prefeririam ver o previsível, cristão e conservador Mike Pence, o vice-presidente de Trump, como presidente.”

É esperar para ver.

 

 

André Trigueiro

 

 

 

Mais vistos