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O que as arquibancadas mistas do Fla x Flu tem a ensinar aos radicais da política?

 

Domingo é de dia de Fla x Flu no Pacaembu. O centenário clássico carioca será disputado em São Paulo porque não há estádio grande o suficiente para as duas torcidas disponível no Rio. Tanto o Maracanã quanto o Engenhão já estão reservados para os Jogos Olímpicos.

Quis o destino que o Fla x Flu acontecesse em meio a uma das piores crises da História do Brasil, e justamente na cidade onde a rivalidade política parece inspirar mais cuidados. Curiosamente, a expressão “Fla x Flu” tem sido usada por vários analistas para descrever o nível de tensão crescente entre governo e oposição.

Mas o fato relevante deste Fla x Flu é que os dois clubes acertaram divisão das torcidas dentro do Pacaembu da seguinte maneira: os ingressos para as cadeiras Laranja, Manga e Coberta Azul serão disponibilizados para as duas torcidas em cotas iguais, que ficarão juntas e misturadas neste setores. Algo absolutamente incomum na maioria dos estádios brasileiros onde houver clássicos, e especialmente no Pacaembu para jogos entre os times grandes de São Paulo. A razão é a segurança.

Recentemente, um Fla x Flu em Brasília também misturou nas arquibancadas as duas torcidas sem nenhum incidente violento. A paixão clubística não impediu que flamenguistas e tricolores pudessem assistir ao clássico lado a lado, gritando e vaiando, sem prejuízo da convivência pacífica e do respeito pelo direito do outro torcer para um clube diferente.

É muito bem-vindo um Fla x Flu nas arquibancadas mistas do Pacaembu neste momento, lembrando que não foi fácil para os clubes cariocas convencerem a Polícia e a Federação Paulista de Futebol de que seria possível fazer desse jeito.

Serve de exemplo pra muita gente que no auge desta crise política ainda confunde adversário com inimigo, e perde a noção de que o “diferente” tem todo o direito de não pensar igual a você. Independente do resultado, esse Fla x Flu já tem seus vencedores. A democracia, a paz e a tolerância. E que role a bola.

 

André Trigueiro

 

 

 

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