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Chuva forte sempre houve. Agora é diferente

 

Nos últimos 70 anos, a temperatura média em São Paulo já subiu 2,5°C. A cidade deixou de ser a “terra da garoa” p/registrar os chamados “eventos extremos”: tempestades mais rápidas e violentas, contrastando c/períodos de seca e calor intenso.

Chuva forte em país tropical é fenômeno previsível. A questão agora é que as cidades precisam se adaptar a um novo padrão climático: mais água caindo do céu em menos tempo. Estamos falando de um problema que não se resolve apenas com a construção de piscinões ou com o desentupimento de bueiros e galerias de água pluvial.

As chamadas “áreas de risco” se tornaram muito mais vulneráveis para os moradores pobres que lá se estabeleceram, via de regra, por absoluta falta de opção. Remoções poderão ser inevitáveis. Dependendo do local, não há outra saída. Em sendo assim, que possam continuar morando no mesmo bairro em construções seguras e financiadas pelo governo.

Mais investimento em sistemas de rastreamento de tempestades (chuvas, ventos, descargas elétricas), emissões de alerta confiáveis, rotas de fuga bem sinalizadas, abrigos públicos preparados para situações de emergência e treinamento de lideranças comunitárias fazem parte do pacote.

O processo histórico de ocupação desordenada, conurbação, supressão das áreas verdes e tamponamento opressivo do perímetro urbano (asfalto, concreto, cimento) tornam inevitável certos transtornos – ou mesmo a ocorrência de tragédias – em lugares onde esses temporais vierem a cair.

Mas se não instituirmos a cultura do gerenciamento de risco no dia a dia da administração pública, a situação vai piorar.

Esse ano teremos eleições municipais. Ótima chance de cobrarmos medidas concretas de “adaptação” às mudanças do clima, promovendo a maior resiliência das cidades.

 

André Trigueiro

 

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