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A volta dos cassinos? Agora?

 

Pobre do País que aposta na liberação dos chamados “jogos de azar” como uma alternativa para o desenvolvimento. O lobby dos cassinos, bingos, jogo do bicho e videojogos vibra com a oportunidade aberta pela crise para aprovar o projeto que será votado esta semana, em regime de urgência, no Senado Federal.

Fala-se em aumento da arrecadação, geração de emprego e renda, e outros supostos trunfos que soam como o canto da sereia em meio a esse maremoto causado pela bancarrota econômica.

Ninguém explica, entretanto, porque essas modalidades de jogos se chamam “de azar”. Ainda que seja um tanto óbvio, vale explicar: é que a probabilidade de se ganhar é reduzidíssima, quase infinitesimal. O ganho só é certo para o dono do negócio, que atrai mafiosos e se presta a ser uma sofisticada lavanderia de dinheiro sujo.

Também não se comenta o risco dessa provável liberação multiplicar a compulsão pelo jogo, atraindo uma legião de viciados que simplesmente não sabem quando parar e, por conta disso, dilapidam patrimônios, arruínam famílias, se perdem nos labirintos aflitivos da jogatina. O ambiente do jogo também costuma atrair agiotas, redes de prostituição e outras “externalidades” não contabilizadas pelos economistas.

Só quem já entrou num cassino e testemunhou as feições vampirizadas de muitos que por ali vão ficando sem se dar conta do dia da semana, da hora, se já anoiteceu ou está amanhecendo, sabe o tamanho da encrenca.

O jogo compulsivo foi inserido no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) junto com várias outras drogas de causam dependência (álcool, cocaína, etc).

Há alguém no Senado preocupado com isso? A ideia de votar o projeto em regime de urgência é do presidente da Casa, Renan Calheiros, cuja “sorte” permitiu se desvencilhar até aqui de múltiplas denúncias, acusações e processos.

Seja como for, as cartas estão na mesa. E a liberação do jogo nunca esteve tão favorável aos que apostam alto no azar. O Brasil merecia políticos mais competentes na busca de soluções para este momento difícil.

 

André Trigueiro

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