 André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação 		  em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, Professor e criador do curso 		  de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, Coordenador Editorial e um dos autores 		  do livro  		  “Meio Ambiente no século XXI”, (Editora Sextante, 2003). 		  Desde 1996 vem atuando como repórter e apresentador do “Jornal 		  das Dez” da Globo News, canal de TV a cabo onde também produziu, 		  roteirizou e apresentou programas especiais ligados à temática 		  socioambiental. Pela série “Água: o desafio do século 		  21” (2003), recebeu o Prêmio Imprensa Embratel de Televisão 		  e o Prêmio Ethos – Responsabilidade Social, na categoria Televisão. 		  Cobriu, pela Globo News, as Olimpíadas de Sidney (2000), a Copa do 		  Mundo na Coréia do Sul e no Japão (2002), e as eleições 		  para a presidência dos Estados Unidos (2004). É comentarista 		  da Rádio CBN (860 Kwz) onde apresenta aos sábados e domingos 		  o quadro “Mundo Sustentável”. É consultor e articulista 		  do site www.ecopop.com.br. Presidiu o Júri da VI e da VII Edições 		  do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás.
 André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação 		  em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, Professor e criador do curso 		  de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, Coordenador Editorial e um dos autores 		  do livro  		  “Meio Ambiente no século XXI”, (Editora Sextante, 2003). 		  Desde 1996 vem atuando como repórter e apresentador do “Jornal 		  das Dez” da Globo News, canal de TV a cabo onde também produziu, 		  roteirizou e apresentou programas especiais ligados à temática 		  socioambiental. Pela série “Água: o desafio do século 		  21” (2003), recebeu o Prêmio Imprensa Embratel de Televisão 		  e o Prêmio Ethos – Responsabilidade Social, na categoria Televisão. 		  Cobriu, pela Globo News, as Olimpíadas de Sidney (2000), a Copa do 		  Mundo na Coréia do Sul e no Japão (2002), e as eleições 		  para a presidência dos Estados Unidos (2004). É comentarista 		  da Rádio CBN (860 Kwz) onde apresenta aos sábados e domingos 		  o quadro “Mundo Sustentável”. É consultor e articulista 		  do site www.ecopop.com.br. Presidiu o Júri da VI e da VII Edições 		  do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás.
 Ilza Tourinho Girardi é graduada em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo pela            Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do            Rio Grande do Sul. 1975. Especialista e Sociologia Rural, Centro de            Estudos e Pesquisa Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande            do Sul. 1978.Mestre em Comunicação, área Comunicação Científica e Tecnológica,            pela Universidade Metodista de São Paulo. 1988. Doutora em Ciências            da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de            São Paulo.2001. É professora na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação            da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando nos cursos de            Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Arquivologia            e também no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.
Ilza Tourinho Girardi é graduada em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo pela            Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do            Rio Grande do Sul. 1975. Especialista e Sociologia Rural, Centro de            Estudos e Pesquisa Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande            do Sul. 1978.Mestre em Comunicação, área Comunicação Científica e Tecnológica,            pela Universidade Metodista de São Paulo. 1988. Doutora em Ciências            da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de            São Paulo.2001. É professora na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação            da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando nos cursos de            Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Arquivologia            e também no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.
Revista: A existência de uma disciplina de Jornalismo Ambiental nos cursos de Jornalismo pressupõe a importância de uma formação específica nesse campo. É isso mesmo?
André Trigueiro: É a formação possível. O tempo é escasso. Num curso de 66 horas por semestre, meu desafio é otimizar o uso do tempo em favor de um pacote mínimo de informaçôes que compreenda uma boa base conceitual ( o que é visão sistêmica, ecologia, sustentabilidade, meio ambiente, etc.) , o pleno domínio de alguns temas chaves recorrentes no jornalismo ambiental ( recursos hídricos, resíduos sólidos, aquecimento global, modelo de desenvolvimento, etc.) e a convicção de que nesta área estamos invariavelmente incomodando interesses políticos e econômicos bem consolidados. A aproximação do jornalismo científico é muito bem-vinda – para não dizer absolutamente necessária – para balizar o estoque de argumentos que deverão denunciar um modelo de desenvovimento “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”.
Ilza Girardi: Certamente. A crise ambiental, fruto de um modelo de desenvolvimento equivocado, está exigindo de cada um de nós e da sociedade como um todo mudanças radicais nas práticas culturais que incorporamos na nossa vida sem nenhuma reflexão. Isto ocorre por falta de informação ou porque ingenuamente acreditamos que tudo que o desenvolvimento tecnológico nos oferece é bom, limpo e não precisa ser questionado. Ou, também, porque fomos adestrados a aceitar tudo sem analisar as possíveis conseqüências para a sustentabilidade da vida no planeta. Aí entra o Jornalismo Ambiental com sua função educativa para colocar à disposição da sociedade a informação correta, contextualizada, elaborada a partir de uma visão sistêmica, mostrando a interligação das partes entre si e com o todo e a relação de possíveis causas com possíveis efeitos. É claro que esta é a função do próprio jornalismo e que nem precisaríamos falar em jornalismo ambiental, mas como estamos assistindo os efeitos nocivos no meio ambiente das nossas opções impensadas, precisamos olhar com mais atenção e cuidado para tudo que está acontecendo que afeta a saúde, a cultura e a economia. Para despertar essa sensibilidade no jornalista ou futuro jornalista é necessária uma formação específica.
Revista: Quais devem ser os focos principais da formação do jornalista ambiental? A sistematização de conceitos, uma visão panorâmica dos principais temas ou o debate sobre a cobertura da mídia? Dentre esses focos, qual deveria ser privilegiado?
André Trigueiro: Não dá para destacar apenas um aspecto. Tenho a necessidade de trabalhar muito bem alguns conceitos plenos de significado na área ambiental. Produzo apostilas com verbetes explicando a origem das palavras, o contexto em que surgiram na história e como devem ser usadas. A visão sistêmica é estratégica para o sucesso do curso. Se os alunos entendem bem o que é isso e aprendem a usar no dia-a-dia, tornam-se profissionais habilitados a perceber aquilo que muitos jornalistas veteranos não atribuem valor ou importância. Enquanto profissional em atividade no mercado de trabalho, entendo que o curso deve ter espaço para as histórias que revelam os bastidores da notícia, cases do jornalismo que denunciam problemas e soluções no exercício de nossa profissão, relacionados à área ambiental. Tudo isso faz sentido e é importante.
Ilza Girardi: Creio que para            possibilitar uma formação abrangente, devemos iniciar            pela sistematização de conceitos, para passarmos a uma            visão panorâmica dos principais temas e depois para a análise            da cobertura da mídia e finalizar com a prática do jornalismo            ambiental. Conceitos como meio ambiente, natureza, ecologia, ecossistema            e cultura são básicos para podermos ingressar no exame            dos principais temas, como mudanças climáticas, aquecimento            global, efeito estufa, camada de ozônio, transgênicos, biodiversidade,            agrotóxicos, agricultura orgânica, desmatamento, perda            de fertilidade dos machos e aumento de cânceres de mama e de próstata            e tantos outros.
 A sistematização dos principais conceitos e uma visão            panorâmica dos principais temas possibilitam, em certa medida,            o início do processo de educação ambiental do estudante            de jornalismo para que ele possa atuar profissionalmente e como cidadão            a partir de uma outra visão de mundo, uma visão holística            ou sistêmica, como já mencionei.
Revista: Como a “cor local” deve ser incluída na disciplina de Jornalismo Ambiental? Ou deve-se dar prioridade aos temas globais?
André Trigueiro: O local é o espaço da convivência, onde a questão ambiental se resolve primeiro. É a nossa casa, nossa rua, os rios próximos, a vegetação, os animais, o trânsito, a poluição, etc. O global remete a um conhecimento revelador de que os recursos são finitos e que cada pequenos gesto em favor da sustentabilidade repercute na economia do todo. “Pensar globalmente e agir localmente”, ditado repetido como um mantra no movimento ambientalista, remete à visão sistêmica. Estamos todos mergulhados na teia da vida, o que se faz no local repercute no global e vice-versa.
Além disso, cada professor terá que lidar com singularidades importantes na definição dos conteúdos pedagógicos do curso. Em cada região do país, a questão ambiental é percebida de uma forma distinta. Em uma mesma cidade, haverá realidades específicas determinadas pelo nível de renda dos alunos, estoque de informação, cultura e visão de mundo. Respeitar essas singularidades é importante para que o curso seja bem sucedido. Por exemplo: quando se fala sobre consumismo em uma universidade particular na zona sul do Rio o enfoque é um. Na Baixada Fluminense deverá ser outro. Quando se fala sobre o mesmo assunto na Universidade Federal do Acre, a abordagem também deverá ser diferente. Tudo isso sem prejuízo do tema. Não existe receita de bolo ou pacotes fechados de cursos.O desafio do professor, me parece, é definir os conteúdos do curso levando em consideração essas especificidades.
Ilza Girardi: A “cor local”            deve ser incluída na disciplina. Como nos ensinou nosso mestre            Paulo Freire, com o método de alfabetização de            adultos utilizando palavras do mundo das pessoas que estavam sendo alfabetizadas,            é a partir da observação do que ocorre no local            onde vivemos, que poderemos, com mais facilidade, compreender a complexidade            dos conceitos e as interações entre os fenômenos            que integram “a teia da vida”, para lembrar Fritjof Capra.
 O exame dos problemas ecológicos locais,nos leva a perceber que            fazemos parte da solução de tais problemas. Assim, se            ficarmos tratando somente dos furacões do Caribe ou do desmatamento            da Amazônia, por exemplo, estaremos numa cômoda atitude            de sugerir ou exigir mudanças para os outros. Quando tratamos            dos problemas locais, vamos nos dar conta que, enquanto jornalistas            precisamos estudar mais, pesquisar , ir atrás de boas fontes,            para termos condições de mostrar as conexões dos            fatos e informar corretamente nosso público. Além disso,            enquanto cidadãos vamos nos comprometer com tais mudanças,            iniciando um processo de auto-avaliação e transformação            de nossas próprias práticas culturais. Tudo isso, sem            perder a dimensão do todo.
 É importante nas aulas de Jornalismo Ambiental darmos elementos            que auxiliem os estudantes a compreenderem que nossas ações            locais terão reflexos no global.
Revista: Que equívocos ou distorções podem ser apontados na cobertura de meio ambiente e que devem ser trabalhados (visando à sua superação) na formação do jornalista ambiental no Brasil?
André Trigueiro: Não descobrimos a visão sistêmica como ferramenta de trabalho, e mediocrizamos as pautas tornando-as superficiais e previsíveis. Exemplo: a Anatel revelou que o Brasil já possui 80 milhões de aparelhos de telefone celular. Esse número foi divulgado com destaque em diferentes veículos de comunicação. E ficou nisso. Enxergando sistemicamente esse assunto, poderíamos lembrar a maioria dos brasileiros que possuem celulares já está substituindo o aparelho por um novo num intervalo inferior a um ano. Isso significa que aumento o volume de resíduos. No caso das baterias, resíduos perigosos, que devem ser devolvidos ao fabricante ou ao comerciante que vendeu o aparelho. É o que determina uma resolução CONAMA de 1999 , com força de lei, e que quase ninguém conhece. Há inúmeras outras situações que denunciam um comodismo, uma pobreza no olhar sobre aquilo que nos cerca.
Ilza Girardi: O principal equívoco,            no meu ponto de vista, é o tratamento dos fatos como questões            pontuais, isoladas, não mostrando a teia de relações            que os envolvem. A imprensa gaúcha, por exemplo, tem mostrado            as plantações de eucaliptos na metade sul do Rio Grande            do Sul, como o grande projeto de geração de emprego e            renda, conforme alardeado pelo governo do estado.O bom jornalismo iria            investigar os impactos ambientais dessas plantações na            região, quantos empregos iriam gerar e por quanto tempo e a historia            das empresas que estão se instalando aqui, para sabermos as repercussões            sócio-ambientais de seus projetos em outros estados e países            para que o público tenha uma idéia do que certamente ocorrerá            por aqui.
 Outro equívoco é a limitação da cobertura            jornalística às catástrofes ambientais sem fazer            uma análise profunda de suas causas. Na formação            do jornalista esses eventos devem ser analisados paralelamente à            crítica que precisa ser feita à visão de mundo            e suas práticas culturais correspondentes que, em última            análise, são as geradoras do desequilíbrio ecológico.
Revista: Como você avalia o estágio atual do ensino e da pesquisa em Jornalismo Ambiental em nosso País?
André Trigueiro: Estamos avançando. Mas é tudo ainda muito novo. Há um longo caminho pela frente, num país onde o jornalismo ambiental guarda uma enorme responsabilidade: somos o país campeão mundial de água doce, biodiversidade, floresta tropical úmida, com 90 milhões de hectares de área livre para fazermos o que bem entendermos. Mas estamos destruindo essa riqueza na mesma velocidade com que o mundo amadurece o debate sobre internacionalização da amazônia. Ser jornalista no Brasil no século XXI significa ter consciência dessa riqueza e dar visibilidade às soluções sustentáveis que nos projetem na direção de potência sócio-ambiental do planeta.
Ilza Girardi: Temos muito a            fazer, mas vejo um interesse crescente na implantação            do ensino do Jornalismo Ambiental nas universidade. No I Congresso Brasileiro            de Jornalismo Ambiental, que ocorreu Santos neste ano, tive contato            com vários colegas que estão empenhados em criar nas suas            universidades a disciplina. Isto é muito bom porque a qualificação            da informação ambiental depende da formação            do profissional. É necessário vencer a barreira que algumas            universidades oferecem a essa formação específica,            porque na sua visão estreita não interessa ao mercado.
 Não tenho dados para avaliar o estado atual da pesquisa no Brasil,            mas vejo que na UFRGS temos tido sempre alunos interessados em fazer            seu TCC em Jornalismo Ambiental. Tenho orientado inclusive estudantes            de Relações Publicas que têm trabalho com o campo            maior da comunicação e a gestão ambiental. No ano            passado, minha orientanda Mariana Barboza fez seu TCC de jornalismo            analisando a cobertura da imprensa sobre os transgênicos. Pelo            trabalho recebeu o Prêmio Intercom de melhor monografia de conclusão            de curso de graduação. No mestrado atualmente estou com            três trabalhando com jornalismo ambiental e um com comunicação            rural e meio ambiente. No primeiro semestre um orientado defendeu a            dissertação na área de comunicação            ambiental.
 Observando os trabalhos apresentados nos congressos constatamos que            há um aumento na produção acadêmica. Creio            que a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental ajudou a melhorar esse            cenário e certamente os congressos de jornalismo ambiental vão            dar o grande impulso.
Revista: Há quanto tempo vem ministrando a disciplina? Em que universidade e curso? É uma disciplina obrigatória ou eletiva, optativa? É oferecida durante os dois semestres do ano? Qual a sua denominação? Quais os objetivos básicos da disciplina? Quantos alunos, em média, por turma?
André Trigueiro: É o primeiro curso do gênero oferecido no estado do Rio. Trata-se de uma disciplina eleitiva que vem sendo oferecida dentro do curso de jornalismo da PUC/RJ desde o primeiro semestre de 2004. Optei por ter apenas uma turma por semestre, para poder acompanhar com atenção a evolução de cada aluno. Tenho uma turma nova a cada semestre ( estamos encerrando agora a quarta turma) com aproximadamente 30 alunos. Embora seja um curso de “Jornalismo Ambiental”, é aberto a estudantes de outras disciplinas, e tenho alunos de engenharia, geografia, publicidade, direito e economia. Essa mistura alimenta os debates e as diferentes visões de mundo que experimentamos em grupo. Os obejtivos básicos do curso são discutir ” modelos de civilização, padrões de consumo e paradigmas do desenvolvimento, acessar relatórios científicos que denunciam a gravidade do momento atual e os caminhos apontados pelo estudo da ecologia, do meio ambiente e da sustentabilidade. A visão holística do jornalismo e a alfabetização ecológica. Ética, cidadania e jornalismo ambiental. Temas prioritários para o jornalismo ambiental, tais como: pobreza e desenvolvimento, clima, água, energia, biodiversidade, consumismo, lixo, etc. A prática do jornalismo num mundo onde se verifica a destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis”.
Ilza Girardi: Venho ministrando a disciplina            desde 2003, quando foi oferecida dentro de outra. Enquanto ocorriam            os trâmites burocráticos para a sua criação,            o conteúdo foi ministrado na disciplina Laboratório de            Pesquisa com 20 alunos muito interessados. A disciplina é opcional            e seu nome é Jornalismo Ambiental. Faz parte do Currículo            do Curso de Comunicação Social da Faculdade de Biblioteconomia            e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do            Sul. Em 2004 foi oferecida já como Jornalismo Ambiental. Como            foi ministrada à tarde teve apenas 10 alunos, mas neste semestre            – o segundo de 2005 – tive 35 alunos em função do horário            noturno. A partir de 2006 ela será semestral, porque estou me            propondo a oferecer todos os semestres.
 Os objetivos básicos da disciplina são: proporcionar aos            alunos um embasamento teórico sobre as visões de mundo,            modelos de desenvolvimento e práticas culturais correspondentes            e suas implicações na sustentabilidade da vida, que lhes            prepare para praticar um jornalismo com visão sistêmica,            responsável, ético e cidadão; estudar os conceitos            básicos de ecologia; estudar os principais problemas ambientais            locais e globais; elaborar matérias jornalísticas incorporando            a visão sistêmica.
 Como os temas são muitos, a cada semestre são escolhidos            os de maior interesse da turma.
Revista: Como você avalia essa experiência? Há interesse dos alunos por temas específicos? Quais? Como tem sido conciliada a teoria e a prática? Os alunos chegam a produzir materiais (jornais, newsletter, sites, vídeos)? Tem percebido o interesse dos alunos em trabalhar futuramente nesse campo? O número de Trabalhos de Conclusão de Curso sobre jornalismo ambiental tem crescido?
André Trigueiro: É interessante ( e emocionante ) perceber o encantamento de alguns alunos com o tema. Em alguns casos, é evidente que o curso ajuda a repensar a vida, os valores, as perspectivas dentro e fora da profissão. Os alunos relatam isso por e-mails ou pessoalmente. Em pelo menos duas oportunidades, os pais comunicaram diretamente as mudanças ocorridas na vida dos filhos em termos de sensibilidade e atitude.
Temos basicamente a seguinte estrutura: dois trabalhos que valem nota ( o primeiro é uma reportagem ambiental – para os alunos de jornalismo – ou trabalhos negociados caso a caso conforme o curso de origem do aluno) e uma prova final com os principais assuntos da disciplina. A cada semestre levo especialistas que possam trazer suas experiências para sala de aula. Temos também uma visita programada – em um ônibus fretado pela universidade – para uma favela em Petrópolis, na região serrana, onde os alunos vêem de perto o uso de biodigestores para tratamento de esgoto com produção de biogás, e um biossitema integrado, onde os nutrientes do esgoto da favela alimentam patos, marrecos, pexies e algas, que ajudam a depurar o efluente, gerando emprego e renda.
Vários alunos tem escolhido assuntos ambientais como tema da monografia final de curso. Outros sofrem porque desejam prosseguir estudando o assunto e não há um único curso de pós-graduação em jornalismo ambiental sendo oferecido hoje no Rio. Estamos tentando criar esse curso na PUC.
Ilza Girardi: A experiência tem sido            muito boa. Não tenho observado interesses específicos            por parte dos alunos. Geralmente eles se interessam por todos os temas            que eu proponho, talvez pela própria falta de experiência            . Ao contrário dos outros semestres, neste, a maioria se matriculou            porque precisava de créditos opcionais, mas como eles mesmos            disseram, os temas tratados despertaram o interesse de todos. Eles nunca            haviam relacionado o modelo de desenvolvido com a poluição            por exemplo. A leitura dos livros Terra Pátria, de Edgar Morin            e Saber Ambiental de Enrique Leff, que foram discutidos em forma de            seminário, foi impactante, pois contribuiu com elementos históricos            para que eles passassem a ter visão ampla dos problemas ambientais.
 Em 2003, os estudantes criaram a revista Oca, cujo tema foi o Parque            Nacional dos Aparados da Serra. Sua confecção iniciou            com um trabalho campo: visita ao parque. No ano passado foi escolhido            o tema água, mas devido a alguns problemas a revista não            foi editada, embora as matérias tenham sido elaboradas. Neste            ano foi escolhido o tema água novamente e a revista sairá            em versão digital.
 Alguns alunos se interessam tanto que buscam trabalho na área.            Uma aluna foi inclusive fazer especialização em gestão            ambiental. Todos os semestre tem pelo menos um trabalho de conclusão            na área
Revista: Indique de 3 a 5 textos básicos inseridos na disciplina e que julga relevantes para a formação do jornalista ambiental?
André Trigueiro: Recomendarei alguns livros:
Eco- Economia. Brown Lester (www.uma.org.br . 2003)
Meio Ambiente no século 21, André T. e outros, (Ed. Sextante)
Saber Cuidar, Leonardo Boff, (Ed. Vozes)
A Teia da Vida, Fritjof Capra ( Ed. Cultrix)
Colapso, de Jared Diamond ( Ed. Record)
Ilza Girardi: Vou citar 8 textos e se pudesse citaria mais. São estes:
BACCHETA, Víctor L. Ciudadania Planetária. Montevideo: International Federation of Environmental Journalists, 2000.
CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas: Ciência para uma Vida Sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002.
LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder. Petrópolis: Vozes, 1998.
LUTZENBERGER, José A. Fim do Fututo? Manifesto Ecológico Brasileiro. Porto Alegre: Movimento, 1976.
MORIN, Edgar & KERN, Anne Brigitte. Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina, 2002. 184p.
NELSON, Peter. Dez Dicas Práticas para Reportagens sobre o Meio Ambiente. Brasília: WWF, 1994.
TRIGUEIRO, André, coord. Meio ambiente no Século 21. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
VILAS BOAS, Sérgio, org. Formação & informação ambiental: jornalismo para iniciados e leigos. São Paulo: Summus, 2004.
